Decerto meu caro, o senhor já deve ter ouvido varias histórias como esta que vou lhe contar. Essa que vos fala, não é sequer tua conhecida, mas como muitos, vim desabafar. Minha história começa há muito tempo atrás... Quando tinha apenas 12 anos de idade. Meus pais eram separados... Meu pai era só mais um que se suicidava bebendo. A minha mãe... Ah! A minha mãe era mais uma dona de casa que o marido trocou pela bebida e por mulheres na rua, seu único vicio era o cigarro, que não a deixava nem sequer por um segundo. Não tinha irmãos, e pra ser sincera, gostava muito disso. Estudava, brincava, e quando podia, bebia... Sim, eu bebia. E muito! Lembro o dia exato que dei meu primeiro gole, 17 de setembro de 1952, hoje faz 57 anos que esse vicio me possuiu. Certamente devo ter herdado do meu querido pai. Hoje, 12 de setembro de 2009, estou aqui, sentada, sozinha, não que o senhor não seja ninguém, se é que me entende. Perdi meus filhos... Ainda não lhe falei, mais tenho dois! Duas lindas crianças. Que vergonha sinto de mim quando me lembro deles. Um chama-se Jhon, e a mais velha Julia. Ah! Como eu os amo. Perdi também o meu marido, ele era um bom homem, me arrependo de tudo que fiz com ele, mas sei que hoje não temos mais volta. Minha mão coitada faleceu, eu tinha 19 anos de idade, ela tinha câncer no pulmão, graças a seu amigo inseparável, o cigarro, como já lhe falei. Meu pai faleceu quando eu tinha apenas 15 anos de idade, acho que não preciso dizer qual o motivo da sua morte, certo? Não tenho amigos, nem emprego, sobrevivo da miséria que o governo deposita na minha conta todo mês, de aposentadoria. Não sei quanto tempo ainda vou sobreviver, mas tenho certeza que não muito, pra falar a verdade, logo vou encontrar o meu pai e minha mãe, onde quer que eles estejam. É... Não vou tomar mais o seu tempo, mas antes... Garçom, meu caro, mais uma dose, por favor.
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